Jornalismo por e para mulheres negras: elas querem bem viver, não só sobreviver
Cinco mídias negras e feministas se uniram para cobrir a 2ª Marcha das Mulheres Negras e dar visibilidade ao que a mídia tradicional ignora: a luta das mulheres negras por saúde, justiça e reparação.
Por Redação
05|11|2025
Alterado em 05|11|2025
Em novembro de 2025, milhares de mulheres negras ocuparão Brasília novamente. Dez anos depois da histórica 1ª Marcha das Mulheres Negras, elas voltam às ruas da capital para reafirmar um grito coletivo que ecoa desde sempre: a luta por justiça, reparação e bem viver.
Para garantir que suas vozes e demandas não sejam silenciadas, nem reduzidas a estereótipos, cinco veículos de comunicação independentes, todos comprometidos com perspectivas feministas e antirracistas, liderados por mulheres negras, unem forças para formar a Coalizão de Mídias Negras e Feministas. São eles: Gênero e Número, Alma Preta, AzMina, Instituto Mídia Étnica e Nós, Mulheres da Periferia. Essa aliança inédita nasce com o propósito de ampliar a visibilidade e a potência política da 2ª Marcha das Mulheres Negras.
A mídia tradicional e comercial raramente enxerga as mulheres negras como protagonistas. Quando elas aparecem em suas reportagens e artigos, quase sempre são mostradas em situações de dor ou violência, sem espaço para a complexidade de suas existências, saberes e lutas. A coalizão surge como resposta a esse silenciamento histórico. Por meio de uma cobertura coletiva e multimídia, com reportagens, vídeos, podcasts, entrevistas e visualizações de dados, buscamos registrar a Marcha e tudo o que ela representa: a centralidade das mulheres negras na luta por um Brasil mais justo, sem violências e verdadeiramente igualitário.
Nesta série, Juntas pelo Bem Viver, olhamos especialmente para o direito à saúde das mulheres negras, uma das dimensões mais negligenciadas da desigualdade racial e de gênero no país. O racismo institucional mata de formas múltiplas e silenciosas: nas filas de espera no pré-natal, no parto, nas emergências e nos diagnósticos errados. A cada atendimento negligente, a cada dor não ouvida, o Estado brasileiro reafirma o que já sabemos: que o corpo negro segue como campo de disputa e resistência.
Mulheres negras sustentam esse país
“Queremos as mulheres negras vivas” é mais do que um título. É um manifesto. É a síntese da urgência de uma pauta que não admite mais adiamentos. A vida das mulheres negras sustenta este país, nas casas, nas ruas, nos movimentos, nas políticas públicas e nas redações jornalísticas.
A 2ª Marcha das Mulheres Negras é, portanto, um marco político e comunicacional. E esta coalizão é uma ação concreta de fortalecimento mútuo. Somos vozes diferentes, mas que compartilham um mesmo compromisso: construir narrativas que expressem o protagonismo, a potência e a pluralidade das mulheres negras.
Ao longo das próximas semanas, convidamos você a acompanhar a série Juntas pelo Bem Viver que começa com este editorial e se desdobra em reportagens, entrevistas e produções multimídia para compreender o que está em jogo quando dizemos que lutar por saúde é lutar pela vida das mulheres negras.
Porque não há democracia possível enquanto as mulheres negras seguirem adoecendo, morrendo e sendo esquecidas. Queremos as mulheres negras vivas. E é por isso que estamos juntas, nas ruas, nas palavras e na comunicação. Acompanhe a cobertura completa da Coalizão de Mídias Negras e Feministas nas plataformas da Gênero e Número, Alma Preta, AzMina, Instituto Mídia Étnica e Nós, Mulheres da Periferia, e junte-se a nós na Marcha das Mulheres Negras 2025.